Capítulo Extra
Capítulo Extra: A Caixa do Velho Estalajadeiro
Do livro O Mistério em Vila Caramelo
Em uma manhã dourada de
outono, Vila Caramelo acordava com o aroma de pão fresco escapando pelas
janelas da padaria e se misturando ao perfume das flores na pracinha central. A
vila era um daqueles lugares onde até o silêncio parecia sussurrar histórias, e
todos sabiam: bastava um cochicho diferente na vendinha da Dona Ivone para que
a tranquilidade virasse alvoroço.
E naquela manhã, o cochicho
veio em forma de madeira — ou melhor, em forma de uma misteriosa caixa de
madeira escura.
Dona Ivone, que entre um
quilo de arroz e outro entregava também as últimas fofocas fresquinhas da vila,
mal teve tempo de repassar os boatos do casamento da Nair com o Djalma. Seu
Ernesto, o velho estalajadeiro de andar arrastado e voz de trovão engasgado,
entrou na venda segurando o que parecia um pequeno caixão de mistério.
— Achei isso no sótão da estalagem
— disse ele, com os olhos semicerrados de quem tem mais perguntas que
respostas. — Trancada. Pesada. E... não me cheira bem.
A caixa era bonita e
assustadora na mesma medida. Tinha entalhes estranhos nas laterais, marcas de
queimadura ao redor da tranca, e bem no centro da tampa, um medalhão em relevo
— símbolo de tempos antigos e de histórias esquecidas. Ao lado dela, um bilhete
amarelado, escrito com caligrafia trêmula, avisava:
"Ao curioso que ousar abrir: cuidado com o que deseja
encontrar."
Em minutos, a notícia
espalhou-se pela vila como fogo em palha seca. As crianças queriam espiar, os
idosos comentavam sobre maldições, e até o padre desconfiou que talvez fosse
hora de benzer a estalagem.
Clara, sobrinha da Dona
Ivone e jornalista recém formada, já posicionava sua velha câmera na estalagem,
determinada a registrar cada detalhe para seu futuro documentário:
"Segredos de Vila Caramelo". Clara era a mais corajosa de todos — e
uma curiosidade do tamanho da própria vila.
As inscrições lembravam
símbolos náuticos, e o medalhão tinha traços idênticos aos de um broche antigo
que ele vira em um dos livros esquecidos da biblioteca. Clara, mergulhou em
horas de pesquisa e logo fez uma descoberta surpreendente: o medalhão era igual
ao usado por um excêntrico marinheiro, antigo dono da estalagem, que
desaparecera no mar décadas atrás sob circunstâncias que sempre pareceram
nebulosas.
Ela encontrou relatos de
sobre um “tesouro cultural esquecido”, guardado em algum ponto dos arredores da
vila — um legado que poderia mudar para sempre a história de Vila Caramelo.
O que era apenas uma manhã
comum virou o início de algo muito maior. A estalagem, antes vazia, passou a
receber visitantes. Clara ganhou os primeiros seguidores em seu canal.
Era só o
começo.
Nossos personagens ainda não sabem, que partir daqui você leitor, juntos com Rafael, Clara e uma vila inteira embarcarão em uma jornada repleta de pistas, armadilhas e revelações. “O Mistério em Vila Caramelo” está apenas começando. Prepare-se para rir, se emocionar e mergulhar em uma aventura que só os corações curiosos conseguem seguir até o fim.
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